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Entrevista com a Embaixadora cessante, Marie Andersson de Frutos

A Embaixadora da Suécia Marie Andersson de Frutos despediu-se oficialmente de Moçambique depois de uma missão de três anos no país. Marie Andersson de Frutos regressou à Suécia onde irá permanecer como Embaixadora até o término oficial da sua missão em Setembro. Leia aqui a entrevista de despedida com a Embaixadora, onde ela partilha algumas impressões sobre a sua missão em Moçambique.

Qual é o balanço que faz da sua missão como Embaixadora da Suécia em Moçambique?

Foram 3 anos que passaram muito rápido. Realmente não houveram momentos tranquilos porque houve um evento atrás doutro. Estar ao lado de Moçambique foi muito importante durantes as várias crises, onde os ciclones foram os eventos mais devastadores e a Suécia esteve a apoiar a população afectada. Graças ao apoio sueco, as organizações internacionais das Nações Unidas puderam prestar resposta rápida à população afectada. Este é um mecanismo que estamos a desenvolver em colaboração com as Nações Unidas. Outro evento importante para Moçambique foi a assinatura do Acordo de Paz. Um marco que a Suécia, que goza da paz há 250 anos atrás, considera ser bastante importante. Conhecemos a importância da paz para o desenvolvimento de um país.

No últimos tempos, temos estado focalizados em apoiar Moçambique a enfrentar a crise do coronavírus. Vamos apoiar Moçambique com recursos monetários para responder às necessidades da população mais vulnerável. Isso quer dizer que vamos chegar aos bairros onde moram essas pessoas mais vulneráveis para que elas tenham acesso a assistência social.

 

Qual é a perspectiva que tem das relações bilaterais entre Moçambique e Suécia?

Suécia e Moçambique tem relações excelentes, relacões históricas. Desde o princípio dos anos 60, o povo sueco tem apoiado o povo moçambicano a tornar-se independente, livre do colonialismo e com autonomia para dirigir o seu próprio país. Estamos aqui desde o princípio, e oficialmente como Embaixada desde 1975. Quando  Moçambique conquistou a sua independência, a Suécia esteve lá e continuamos aqui, firmes em ver este país florescer para que o povo moçambicano possa desfrutar de todo o potencial do país. 

Quais é que considera serem as suas maiores conquistas durante este período?

Como dizia, durante este tempo estive focalizada nos vários eventos inesperados que aconteceram em Moçambique mas penso que, como Embaixada, fomos capazes de responder de forma relevante. Outro aspecto no qual estive a trabalhar tem a ver com a vontade do Presidente da República de ver fortalecidas as relações comerciais entre Moçambique e Suécia. Nesse contexto, organizamo-nos melhor à nivel interno para trabalhar mais com a promoção do comércio entre os dois países, aqui as exportações de Moçambique para a Suécia são muito importantes.  É claro que gostaria que os Moçambicanos no geral tivessem mais conhecimentos sobre a Suécia. Esta é uma tarefa importante para a Embaixada porque nós não somos somente grandes parceiros de cooperação, somos também um país inovador que tem muito para partilhar com Moçambique. Temos ainda muita coisa por desenvolver mas penso que lancei a plataforma para seguirmos em frente com este trabalho.

Que recordações leva consigo de Moçambique e do povo moçambicano?

Muitas memórias, muitas amizades. Já tinha trabalhado em Moçambique antes e já conhecia muita gente, mas agora criei mais amizades. Tenho a certeza que vou voltar porque tenho muitos amigos em Moçambique. Maputo é uma cidade muito bela e só guardo boas recordações destes meus três anos aqui.

Qual é a mensagem que deixa para o povo moçambicano?

Moçambique é um país fantástico e o seu principal recurso é obviamente os recursos humanos. Nesse sentido, as vezes sinto que os moçambicanos são muito tímidos. Este país tem pessoas muito interessantes e há muito potencial. Basta usar o potencial, o potencial dos recursos humanos e dos recursos naturais que vocês tem neste país. Moçambique tem um mar fantástico, praias lindas e pessoas incríveis. Vocês tem uma terra linda, cheia de recursos para que as pessoas possam viver as suas vidas duma forma fantástica. Uma das coisas que eu gosto muito são as capulanas coloridas. É tão agradável ver as mulheres trajadas de capulanas e os homens com as suas camisas também feitas de capulanas. E claro, também gostaria de ver maior intercâmbio cultural entre os nossos países para que suecos possam ver a riqueza que vocês tem aqui, para que Moçambique deixe de ser sempre conotado como um país pobre e passe a ser conhecido pela sua riqueza cultural, histórica e artística. Seria fantástico!

Última atualização 11 jun. 2020, 15.14